sexta-feira, 19 de junho de 2009

Opus 9


Hoje eu tive aula com o Dinos, meu professor grego turrão. Eu acho muito difícil ter uma opinião definitiva a respeito do Dinos, pois ele consegue ser em diferentes momentos incrivelmente duro e aparentemente injusto e excessivo, e em outros muito doce e preocupado com o bem estar das pessoas que estão à sua volta. Ele é um personagem! Isso ninguém pode negar. A começar pelo péssimo inglês que ele fala. É impressionante! Ele dá aulas na Louisiana State University há 42 anos, mas até hoje ele não fala inglês corretamente.

Eu sou aficcionado com a obra do escritor francês Honoré de Balzac, que entre outras coisas boas da literatura, me foi apresentado pelo Loque Arcanjo. Um dos livros mais famosos escritos por Balzac, ao lado de A mulher de trinta anos, é um romance muito compácto chamado Eugene Grandet. Eugene é filha de um senhor que fabrica tonéis de vinho, o Senhor Grandet. Senhor Grandet finge que é gago, pois dessa forma ele consegue tirar várias vantagens de seus clientes, pois todos se inpacientam ao ouvi-lo falar e acabam aceitando negócios antes de ouvir toda a história. Senhor Grandet também negava ter dito certas coisas dando como desculpa "Você não entendeu o que eu disse no outro dia." Eu acho que o inglês mal falado de meu querido professor Dinos Constantinides é também uma forma de controle. Ele escreve em inglês perfeitamente, impecavelmente, e às vezes ele fala inglês melhor do que em outros momentos. A coisa é que ele se esforça mais para ser compreendido em alguns momentos mais que em outros. Assim ele já fez comigo várias vezes. Em outro momentos irei escrever uma entrada sobre o Dinos, e eu acredito que vou escrever com meu amigo Liduíno Pitombeira, para mim o maior compositor brasileiro da atualidade, um livro sobre o Dinos. Muitas piadas divertidas podem vir daí!

Desde o início do ano estou trabalhando em meu Opus 9. Nesse opus estou compondo várias peças para instrumento solo entre outras peças para violão e outros instrumentos. As peças solo são baseadas nas Três Peças para Clarinete Solo de Igor Stravinsky. Eu compus Four pieces for Solo Clarinete op. 9, no. 4; Four Pieces for Solo Bassoon, op. 9 no. 5; e agora eu estou trabalhando nas Five Pieces for Solo Flute, op. 9, no.6. Stravinsky é o compositor que mais influenciou minha música, e nessas peças para instrumentos solo eu tenho usado, além das técnicas comunmente usadas pelo Stravinsky, técnicas serias, e modulações métricas como o Eliot Carter usa. Ao mesmo tempo essas peças tem um carácter expressionista forte. Os títulos das peças são sempre relacionados com emoções e situações das quais eu já vivi ou já fantasiei, de modo que essas peças também são uma expressão subjetiva de minha história de vida e também de coisas que temho trabalhado em psicanálise.

A primeira peça desse opus foi o Romance for Viola and Classical Guitar, op. 9, no. 1. Essa peça eu fiz para minha querida Ana. Ela é cheia de paixão, sensualidade e um pouco de dor. É complexa, densa em alguns momentos, mas extremamente lírica e sensual em outros. Essa riqueza me agrada. Outra peça que faz parte desse opus é a After the Hurricane, or Texas Hold'em, op. 9, no. 2a. Essa peça é para violão e trombone baixo. Eu a escrevi para o meu amigo trombonista Roy Gonzalez, da Costa Rica. Quando o furacão Gustav destruiu parte de Baton Rouge, Roy e Raul vieram passar uns tempos na minha casa e nesse dias ficamos bebendo e jogando poker Texas Hold'em. Apesar da destruição causada pelo furacão, foram dias divertido, memoráveis.

Para terminar esse opus eu tenho que terminar essas peças para flauta, uma série de peças para violão solo e alguns duos para violino e violão. Enquanto isso também estou trabalhando em meu Concerto para Violão e orquestra, op. 11, e na tese sobre a Louisiana Sinfonietta. Muita coisa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário